Avaliação em Orientação Profissional e de Carreira: utilização de testes psicológicos, instrumentos e técnicas

Entidade:
ABOP

Coordenador(a):
Maiana Faria Oliveira Nunes

Financiador do coordenador:

Resumo:
A área da Orientação Profissional e de Carreira foi historicamente desenvolvida a partir de abordagens multidisciplinares, com atuação marcante nas áreas da psicologia, educação e administração. Apesar disso, a atuação em OPC tem sido desde seu início marcada pela utilização de testes psicológicos, ferramentas que buscam levantar características pessoais dos orientandos, fornecendo aos orientadores informações úteis para auxiliar no diagnóstico. Contudo, o uso exacerbado e pouco crítico de seus resultados causou ao longo da história certas distorções que provocaram críticas tanto aos instrumentos em si quanto à própria área, muitas vezes desqualificada ao ser reduzida apenas à aplicação dos ditos “testes vocacionais”. Dessa forma, o objetivo desta mesa redonda é apresentar uma apreciação crítica a respeito da literatura científica sobre avaliação psicológica na área da orientação profissional e de carreira, uma reflexão acerca da restrição do uso de instrumentos a psicólogos e sobre a utilização de técnicas não restritas por outros profissionais.

Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia

Processo:
Processos Educativos


Apresentações:

Literatura científica brasileira sobre avaliação psicológica em orientação profissional e de carreira: um abordagem histórica
– Rodolfo A. M. Ambiel – CNPq
A utilização de instrumentos de avaliação psicológica tem marcado a atuação em orientação profissional e de carreira desde seu surgimento, no início do Século XX. Desde então, a avaliação de características tais como habilidades, traços de personalidade e sobretudo interesses vocacionais tem demarcado uma importante parte da atuação de psicólogos na tarefa de auxiliar as pessoas a organizarem tomarem decisões acerca de suas carreiras. No Brasil, isso não se deu de forma diferente e os instrumentos de avaliação, ainda hoje, representam parte marcante da atuação profissional nessa área. A literatura científica já tem documentado mapeamentos a respeito da utilização dos instrumentos e o objetivo desta apresentação é sintetizar diferentes estudos que objetivaram levantar a literatura científica sobre orientação profissional no Brasil, independente do período, e que tenham focado, de forma direta ou indireta, nos instrumentos e técnicas de avaliação psicológica utilizadas. Será realizada uma síntese compreensiva e discutidas diretrizes futuras para a pesquisa e prática.

O uso de técnicas em processos de Orientação Profissional/Vocacional e de Aconselhamento de Carreira
– Manoela Ziebell de Oliveira
Oficialmente a área de Orientação Profissional/Vocacional (OPV) surgiu entre 1907 e 1909, com a criação do primeiro Centro de Orientação Profissional nos EUA e a publicação do livro Choosing a Vocation, por Frank Parsons. Nele, Parsons defendia a necessidade de três pilares em processos de OPV: análise das características do indivíduo, análise das características das ocupações, e cruzamento destas informações. Décadas depois, a referência à OPV remete aos processos em que se auxilia os indivíduos indecisos a avaliarem o seu repertório comportamental e a traduzi-lo em escolhas vocacionais aplicando a tríade de Parsons. Esta atividade utiliza as teorias de traço e fator como suporte para a aplicação de inventários de interesse, administração de informação, incentivo à exploração e sugestão de escolhas ajustadas. Traduz, portanto, autoconceitos em títulos profissionais. Diferentemente, indivíduos que ainda não tem essa clareza precisam que um psicólogo os auxilie no processo de cristalização de um autoconceito de carreira e a visualizarem uma carreira subjetiva. Esta atividade é o Aconselhamento de Carreira (AC), o qual necessita de processos de autorreflexão para promover a clarificação de valores e perspectivas pessoais, desenvolver autoconhecimento e construir a noção de carreira subjetiva. Para que isso ocorra, são utilizadas técnicas capazes de promover a formação de autoconceitos e narrativas sobre a carreira, de forma mais ampla. Embora teoricamente, as diferenças entre os processos de OPV e AC estejam claramente demarcadas, a tomada de decisão sobre o uso de testes e técnicas na condução de processos de OPV e AC depende da decisão do profissional que os conduz, e da avaliação que este faz sobre as necessidades e capacidades de seu cliente. No presente trabalho serão discutidos os benefícios e prejuízos do uso de técnicas em OPV e AC, bem como a possibilidade de que estas contemplem a tríade de Parsons nestes processos.

A restrição de testes em Orientação Profissional e de Carreira: argumentos favoráveis e contrários
– Maiana Farias Oliveira Nunes
O uso de instrumentos de avaliação psicológica, especialmente os popularmente conhecidos como “testes vocacionais”, tem uma longa tradição na história do aconselhamento de carreira ou orientação profissional. Embora eles não sejam imprescindíveis no processo de orientação, com certeza constituem-se em ferramentas valiosas que podem trazer informações úteis para a intervenção. No cenário brasileiro, isso traz uma questão importante que é a restrição ou não do uso de instrumentos de avaliação da área de carreira aos profissionais da psicologia, uma vez que instrumentos considerados testes psicológicos são de uso privativo de psicólogos. No entanto, o campo do aconselhamento ou orientação de carreira é multidisciplinar, e profissionais de outras áreas também necessitam avaliar seus orientandos. Nesta apresentação, serão apresentados argumentos favoráveis e contrários à restrição, indicando os eventuais benefícios e prejuízos que tal restrição pode trazer à área. Argumenta-se que, mais do que restringir ou não o uso de instrumentos, faz-se necessário melhorar a formação dos orientadores profissionais, não apenas no que diz respeito ao uso de instrumentos ou técnicas, mas principalmente no que concerne aos fundamentos teóricos que sustentam a intervenção. É o modelo teórico de aconselhamento utilizado que vai indicar a necessidade ou não de uso de instrumentos de avaliação na orientação e, mais do que isso, garantir que o uso dos mesmos traga benefícios aos orientandos, independente da área de especialidade do orientador.