Processos desiguais: raça, gênero e lugar de fala como fator determinante na formação e ensino da psicologia

Entidade:
ABEP

Coordenador(a):
Cíntia Vilas Boas

Financiador do coordenador:

Resumo:
Esta mesa redonda tem como objetivo discutir temas relativos às estratégias promotoras de inclusão ou exclusão e as desigualdades presentes na formação de psicólogos. Discutir as questões raciais e questões de gênero no processo de formação em psicologia no Brasil é também discutir exclusões, representatividades e lugares de fala, que precisam ser situados. Um dos aspectos geradores de diálogo será relativo às questões de gênero e a orientação sexual, enfatizando as práticas sociais, a dimensão dos direitos humanos e os aspectos éticos envolvidos, de modo a considerar os preceitos a serem assegurados no ensino de psicologia. A questão racial será outro tema abordado de modo transversal ás questões de desigualdades. O preconceito e a discriminação racial ainda têm atravessado as práticas sociais e promovido processos de subjetivação, refletindo acerca de quais compromissos cabem na formação e ensino da psicologia. Fazendo o questionamento de quem tem direito à voz numa sociedade que tem como norma a branquitude, masculinidade e heterossexualidade, o conceito do lugar de fala situado, se faz importante para desnaturalizar o que esta naturalizado como processo de ensino e atendimento, teoria e técnica, trazendo a importância de se pensar no rompimento de uma voz única com o objetivo de propiciar uma multiplicidade de vozes.

Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia

Processo:
Processos Formativos de Psicólogos


Apresentações:

DESIGUALDADES NA PSICOLOGIA
– Cíntia Vilas Boas
O Brasil aparece com o terceiro pior índice de desigualdade no mundo e, em se tratando da diferença e distanciamento entre ricos e pobres. A ONU mostra ainda, nesse estudo, como principais causas de tanta desproporcionalidade social, a falta de acesso à educação de qualidade. A lógica capitalista e o resgate histórico para tratar das temáticas no âmbito educacional, bem como no contexto de formação da psicologia, também faz parte do que precisa ser pensando frente ao contexto amplo de algumas questões sociais. A Psicologia precisa resguardar a dimensão humana em todas as suas ações e intervenções, desconstruindo os processos naturais de exclusão. Nessa perspectiva, um dos desafios do combate à desigualdade social é cuidar dos afetos, dos olhares e da história; e com um plano ético político, planejar uma práxis ético/estética de transformação social.

GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL
– Eliz Marine Wiggers
A proposta desta fala é de problematizar a relação estabelecida entre a psicologia e as relações de gênero, buscando trazer à reflexão a despatologização das identidades de gênero e a afirmação dos direitos, a partir da análise de alguns documentos. Cabe considerar que vivemos em um contexto sócio histórico marcado pela lógica da heterossexualidade e qualquer sujeito que se reconhece fora deste padrão é considerado anormal, gerando sofrimentos e processos de exclusão. No âmbito da garantia de direitos, podemos destacar que na Constituição Federal Brasileira assegura-se a promoção do bem-estar de todos, sem preconceitos de sexo e qualquer forma de discriminação. Além disso, se afirma no âmbito do Sistema Único de Saúde o direito à universalidade de acesso aos serviços, e a assistência total de saúde, ou seja, ações e serviços preventivos e curativos, preservando a autonomia e integridade física e moral, sem preconceitos ou alguma forma de privilégio aos usuários. Assim, considera-se o psicólogo como um mediador da promoção da qualidade de vida mediante o acolhimento e apoio, compreendendo a diversidade de gênero como a expressão das mais variadas possibilidades de vivência da sexualidade. Estes apontamentos têm gerado relações de exclusão e inclusão que cabem ser problematizadas mais demoradamente no âmbito da formação em psicologia, visando oportunizar práticas psicológicas promotoras de cuidados e direitos.

MASCULINIDADES E O LUGAR SOCIAL DO HOMEM NEGRO
– Lázaro Edson de Souza
Qual o lugar do homem negro na sociedade? Qual a importância da representatividade para essas pessoas? O que a psicologia tem a ver com isso? É preciso pensar uma psicologia que tenha em suas bases de formação a discussão com as questões étnico raciais e como isso afetam seus estudantes de a sociedade. Pensar todas as formas dos mecanismos de defesa, a identificação é o que pode dar base para esta discussão nessa mesa. Partindo do princípio freudiano que esse mecanismo é a base da formação humana. No processo de formação dos psicólogxs podemos considerar que outros autores também podem contribuir para o diálogo entre psicologia e relações étnico raciais, pensamos que o reforço positivo pensado por Skinner e a empatia de Carl Rogers como ferramentas para pautarmos as relações raciais na formação, considerando a importância da representatividade para as estudantes de psicologia negros e negras e situar os demais em busca de uma psicologia com mais equidade.