Arte e Psicoterapia: Experiências e Reflexões

Entidade:
ABRAP

Coordenador(a):
Acelí de Assis Magalhães

Financiador do coordenador:

Resumo:
“É sabida a potência das Artes para romper barreiras culturais, inclusive distantes em tempos históricos; também para unir populações adversas em ideologias, raças ou credos. Por outro lado, ao voltar-se para o consumo da grande massa populacional, essa potência parece diluir-se em mero entretenimento, ocultando e esvaziando a magnífica força expressiva e a observação contemplativa que a constitui e que, nesse contexto, permite revelar o imaginário e a percepção das pessoas nas suas visões de mundo. Vivemos uma época de grande distribuição de imagens, cujas significações tendem à hipertrofia, com informações que resultam em aceleração do raciocínio, exacerbação de discursos e empobrecimento das percepções mais sutis.
Focamos, nas discussões dessa mesa, as questões expressivas, do imaginário e da observação contemplativa, perspectivas que participam da imensa complexidade das Artes. Essas, apesar de renegadas nas ciências Positivas, carregam desde a pré-história a íntima participação com a constituição da Psique Humana.
Entretanto, tal ‘participação íntima’ não se traduz em simples “coligação” e, nesse cenário, pretendemos contribuir com análises e reflexões, que subsidiem o uso de experiências expressivas e de observações contemplativas (oriundas do universo das Artes) nos processos psicoterapêuticos, apresentando fundamentos que dialoguem com o imaginário e com a intuição dos participantes, objetivando facilitar as intercomunicações subjetivas e empáticas, assim como possibilitar a ampliação das dimensões de autoconsciência.”

Eixo:
II – Práticas Profissionais da Psicologia em contextos sem muros

Processo:
Processos Terapêuticos


Apresentações:

O Simbólico e a Arte nas experiências Psicoterapêuticas
– Acelí de Assis Magalhães
“Consideramos que a promoção de experiências oriundas do imaginário e da intuição é construtiva nos processos interativos, por despertarem a comunhão de subjetividades que transcendem a dimensão consciente daqueles que partilham essa experiência.
Consideramos também que as vivências empáticas são fundamentais nos processos pedagógicos e psicoterapêuticos; que demandam aos envolvidos enfoques nos aspectos mais subjetivos de suas personalidades.
Com base nessas considerações, esse trabalho pretende fundamentar associações entre experiências imagéticas, intuitivas e simbólicas e a constituição de subjetividades, com base especialmente em indicadores presentes na história da Humanidade e particularmente na História das Artes. Dispomos para isso exemplificar e demonstrar a importância dessas experiências na constituição da Psique Humana, tal como no desenvolvimento e instituição de princípios fundamentais para a preservação de vidas em diferentes grupos sociais; logo, nas suas organizações Culturais.
Visamos, assim, associar experiências intuitivas e simbólicas a vivencias que possam promover autoconhecimento, empatia, expressões mais democráticas, nas relações das pessoas com elas mesmas, com outras pessoas e entre grupos sociais.”

Arte e psicoterapia
– Liomar Quinto de Andrade
Pensar as diretrizes para formação em Psicologia constitui relevante tarefa para o Conselho Federal de Psicologia, na medida em que as/os profissionais de Psicologia constituem-se a partir desse processo, não apenas no sentido técnico da formação, mas na dimensão da construção de uma identidade profissional. As diretrizes contemplam a diversidade de aportes teóricos e campos, em uma perspectiva generalista de formação, que permita à/ao futuro psicóloga/o a compreensão de seu papel nos diferentes contextos de atuação e das múltiplas dimensões de sua atuação profissional. Na perspectiva do exercício profissional, os estágios merecem especial atenção, na medida em que preparam para a atuação das/dos futuras/os psicólogas/os. Espera-se uma formação de qualidade, calcada no compromisso com os direitos humanos e com políticas públicas, eticamente orientada.

As diretrizes curriculares de Psicologia: reflexões para o mundo do trabalho
– Shirlene Queiroz
Atualmente vivemos mergulhados em imensa quantidade de imagens, entre câmeras, vídeos, celulares etc. Em ritmo acelerado, a vida cotidiana volta-se para o mundo externo, fragmentado e desarticulado da experiência sensível, onde “tudo dá lucro, exceto sonhar”, como diz a artista Louise Bourgeois.
Ao considerarmos que uma das principais funções das Artes tem sido a construção do que chamamos “realidade”, através da história cultural humana em seus vários contextos, objetivamos desenvolver leituras de imagem, que validem as experiências sensíveis de cada indivíduo. Entendemos que tais exercícios, aliados à ampliação de repertórios emocionais e intelectuais, possam favorecer percepções de si e do mundo circundante, em busca de uma condição de vida no mínimo diferente.
Nesse caminho, pretendemos contribuir com análises e reflexões a partir de leituras de uma imagem pinçada da história da arte ocidental, buscando vivenciar e explorar princípios básicos da linguagem visual, a fim de reconhecer dinâmicas presentes em nosso ser e estar no mundo, considerando diferentes contextos. Assim, ao invés de aprisionar qualquer imagem em leituras pré-estabelecidas e fechadas, poderemos praticar olhares muito distintos para a produção de sentidos, sem perder a complexidade que a Arte nos oferece.