As medidas psicoeducacionais e a intervenção prática em avaliação

Entidade:
IBAP

Coordenador(a):
Acácia Aparecida Angeli dos Santos

Financiador do coordenador:

Resumo:
Os transtornos e as dificuldades de aprendizagem atingem cerca de 10% da população em idade escolar, essas dificuldades poderiam ser minimizadas com diagnóstico precoce. Por isso discutir os instrumentos de medidas construídos nesse contexto e o impacto do uso dos mesmos na prática de avaliação psicoeducacional é essencial para se pensar em fatores interferentes diante dessas dificuldades. Assim sendo, pretende-se problematizar o fato de que se por um lado a avaliação psicoeducacional tem por finalidade a busca de informações acerca das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, por outro também cabe discutir a importância dos instrumentos de medida elaborados para esse contexto escolar. Por isso, muito são os esforços no sentido de se construir, adaptar e buscar evidencias de validade de modo a tornar esses recursos mais confiáveis no processo da avaliação. Nessa direção, o presente simpósio tem por objetivo apresentar e trazer contribuições acerca do avanço na construção de medidas psicoeducacionais em âmbito nacional e seu impacto no campo prático da avaliação psicoeducacional. Parte-se do pressuposto de que o diagnóstico preciso das dificuldades que o escolar apresenta é de suma importância para que estratégias interventivas possam traçadas. Face ao exposto, o presente simpósio trará distintas considerações com foco nos instrumentos psicoeducacionais e na prática diagnóstica que fazem uso desses recursos.

Eixo:
II – Práticas Profissionais da Psicologia em contextos sem muros

Processo:
Processos de Avaliação


Apresentações:

Contribuições do teste de Cloze na avaliação da compreensão de leitura no contexto brasileiro
– Acácia Aparecida Angeli dos Santos (Coautora: Amanda Layz Monteiro Inácio)
As habilidades linguísticas assumem importância no processamento cognitivo do escolar. Em destaque a habilidade de compreensão de leitura exige conhecimento vocabular, capacidade de decodificação, compreensão linguística e semântica, raciocínio inferencial, bem como comportamento criativo. Pode-se considerar que a compreensão de leitura não é um ato mecânico e exige significação e visão de mundo. Nessa perspectiva, a escola poderá ampliar esse potencial leitor, o que torna relevante a mensuração dessa importante habilidade. A medida empregada para se avaliar a compreensão de leitura deverá contemplar tanto a compreensão linguística quanto a leitura contextual. Assim, uma técnica usada para esse própósito é a de Cloze, proposta em 1953 por Taylor. Esse recurso tem sido apontado na literatura científica como meio diagnóstico eficaz no enfrentamento das dificuldades inerentes à leitura. Por ser bastante versátil pode ser utilizada nos diferentes níveis da educação formal. Posto isto, o objetivo da presente pesquisa será apresentar os estudos de evidência de validade do teste de Cloze nas diferentes etapas do ensino, quais sejam, ensino fundamental, médio e superior. Diferentes testes de Cloze serão apresentados, bem como os avanços nas pesquisas que conferem evidências de validade à técnica. Por fim, considerações acerca de implicações psicoeducacionais serão tecidas.

Escala para avaliar a metacognição de escolares
– Patrícia Waltz Schelini – FAPESP (Coautora: Jussara Pascualon-Araujo)
A metacognição pode ser compreendida como os pensamentos e os conhecimentos que os indivíduos possuem sobre seus próprios pensamentos e processos cognitivos. No contexto educacional, as habilidades envolvidas no monitoramento cognitivo e na autorregulação parecem despontar como as mais relevantes, pois permitem ao indivíduo avaliar seu desempenho durante as tarefas, permitindo a alteração de estratégias que estão sendo utilizadas. O objetivo do estudo foi realizar a Análise Fatorial Confirmatória para verificar se o modelo observado na Análise Fatorial Exploratória se ajustava ao modelo teórico utilizado como base para a elaboração da Escala de Metacognição (EMETA), destinada a crianças de nove a 12 anos de idade. A amostra foi formada por 569 participantes de escolas públicas e privadas, com idades variando de 9 a 12 anos. Esses alunos eram dos 3º, 4º, 5º e 6º anos do Ensino Fundamental. Com a análise de dados e os resultados dela emergentes por meio da Análise Confirmatória indicaram que a EMETA apresenta melhor ajustamento ao modelo composto por dois fatores, a saber: a) Conhecimento Metacognitivo; e, b) Monitoramento Metacognitivo e Estratégias Cognitivas que explicam 34% da variância do instrumento com precisão de 0,805. A partir das evidências de validade e precisão acumuladas ao longo dos estudos, a próxima etapa para possibilitar a utilização da escala para outros profissionais seria a normatização da EMETA.

A prática de avaliação psicoeducacional em uma clínica escola e como as medidas psicológicas auxiliam nesse processo
– Katya Luciane de Oliveira
O presente trabalho irá tratar de apresentar como ocorre a prática da avaliação psicoeducacional em uma clínica escola e como os instrumentos psicológicos auxiliam nesse processo. É sabido que muitos são os desafios enfrentados na prática profissional e que a aproximação dos avanços do conhecimento científico muitas vezes ficam muito distantes do que realmente se faz na prática profissional. Dessa forma, o professor e outros integrantes da equipe escolar ficam apartados dos avanços no conhecimento que ficam restritos à academia. Aqui serão apresentados os casos atendidos num período de três anos, no qual serão explanados os encaminhamentos, queixas e principais manejos adotados na avaliação psicológica nesses casos. Buscar-se-á uma discussão acerca da importância do desenvolvimento de medidas psicoeducacionais que possam atender as demandas da prática de avaliação psicoeducacional voltadas aos escolares dos ensinos fundamental, médio e superior brasileiro. Os dilemas atuais e emergentes da prática profissional com foco nas dificuldades de aprendizagem serão discutidos e apresentados sob uma perspectiva psicossocial. Por fim, serão apontadas as convergências e as discrepâncias entre as práticas adotadas no manejo da avaliação e s algumas implicações deles decorrentes.