Avaliação da personalidade no Brasil: atualizações e perspectivas futuras

Entidade:
IBAP

Coordenador(a):
Lucas de Francisco Carvalho

Financiador do coordenador:

Resumo:
Esta mesa tem como escopo geral apresentar trabalhos relacionados a atualizações possíveis em ferramentas para avaliação da personalidade, no âmbito saudável e patológico de manifestação dos traços. Especificamente, o primeiro trabalho ilustra como a aquiescência afeta a validade de instrumentos para avaliação da personalidade e como esse problema pode ser solucionado a partir da Teoria de Resposta ao Item Multidimensional. O segundo trabalho visa fornecer informações sobre o HiTOP e como ele pode ser utilizado para melhorar medidas de avaliação de traços patológicos da personalidade. E, por último, o terceiro trabalho apresentará um estudo para elaboração de uma versão menos socialmente desejável de dois instrumentos avaliativos de traços de personalidade. Espera-se que a partir das apresentações da mesa, informações pormenorizadas sejam transmitidas sobre as aplicações das técnicas e procedimentos aplicados.

Eixo:
II – Práticas Profissionais da Psicologia em contextos sem muros

Processo:
Processos de Avaliação


Apresentações:

Aquiescência e validade de instrumentos de avaliação da personalidade
– Ricardo Primi – CNPq
As escalas de autorrelato de tipo Likert são frequentemente usadas na avaliação educacional em larga escala de habilidades sócio-emocionais. Os questionários de autorrelato dependem do pressuposto de que seus itens suscitam informações apenas sobre o traço que devem medir. No entanto, diferentes viés de resposta podem ameaçar essa suposição. Especificamente, em crianças, o estilo de resposta da aquiescência é uma fonte importante de erro sistemático. Escalas balanceadas com itens referindo-se ao lado negativo e positivo do construto foram propostas como uma solução para o controle da aquiescência. Mas os motivos por que esse recurso funciona não são muito bem explorados. Nessa apresentação será exemplificado como aquiescência afeta a validade dos instrumentos, como ela pode ser concebida como um problema de Funcionamento Diferencial das Pessoas e solucionar o problema usando a Teoria de Resposta ao Item Multidimensional.

Contribuições do Hierarchical Taxonomy of Psychopathology (HiTOP) para o Inventário Dimensional Clínico da Personalidade 2 (IDCP-2): um encontro possível?
– Lucas de Francisco Carvalho
Os modelos para diagnóstico de psicopatologias vêm sendo criticados nas últimas décadas. Frente a isso, foi proposto recentemente o Hierarchical Taxonomy of Psychopathology (HiTOP), um modelo hierárquico que tenta abarcar todas as psicopatologias, demonstrando possibilidades de intersecção sintomática entre elas. Considerando a característica do HiTOP, no modelo está proposto quais sintomas são típicos dos transtornos clínicos e quais traços são típicos dos transtornos da personalidade. Este trabalho tem como objetivo apresentar estudos atualizando o Inventário Dimensional Clínico da Personalidade 2 (IDCP-2) a partir do modelo HiTOP. Os estudos contam com uma amostra total de aproximadamente 1000 sujeitos da população geral, que responderam o IDCP-2, junto à novos itens criados para o instrumento de acordo com o HiTOP, e também outros instrumentos para avaliação de traços patológicos da personalidade. O escopo geral da apresentação é fornecer informações sobre o HiTOP e como ele pode ser utilizado para melhorar medidas de avaliação de traços patológicos da personalidade.

Menos desejabilidade social é mais desejável: neutralização de instrumentos avaliativos de personalidade
– Nelson Hauck – CNPq (Coautora: Ariela Raissa Lima Costa)
Respostas socialmente desejáveis (RSD) acontecem quando alguém faz uma autoavaliação excessivamente positiva de si mesmo em instrumentos psicométricos de autorrelato. A presença de itens com conteúdo valorativo (desejável ou indesejável) é uma das causas das RSD, uma vez que o indivíduo pode responder motivado mais pela popularidade do conteúdo e menos pelo traço descritivo de fato. O objetivo do estudo foi elaborar uma versão menos socialmente desejável de dois instrumentos avaliativos de traços de personalidade, o Big Five Inventory e o IPIP-Modesty Scale-A5. A amostra foi de 379 universitários, de 18 a 47 anos (M = 22,53 anos; DP = 6,2). Os participantes responderam às versões originais e neutralizadas dos instrumentos e a um instrumento que avalia desejabilidade social, o IPIP – Impression Management and Self Deception Scales. Pôde-se observar que as versões neutralizadas se correlacionaram positiva e fortemente com suas versões originais, e menos com o instrumento de desejabilidade social. A estrutura fatorial das versões neutralizadas também foi bastante similar àquela dos instrumentos originais. Os achados evidenciam a eficiência do procedimento de neutralização no controle da desejabilidade social.