Contribuições dos estudos de Revisão Sistemática para o desenvolvimento da Psicologia

Entidade:
ABRAPEE

Coordenador(a):
Ariela Raissa Lima Costa

Financiador do coordenador:

Resumo:
Atualmente observa-se um aumento de publicações de Revisão Sistemática (RS). Tal crescimento pode ser atribuído à incorporação da ideia de ciência baseada em evidências inerentes a este tipo de estudo. A RS pode ser compreendida como uma ferramenta científica para realizar revisões de literatura que busca responder se uma determinada intervenção funciona ou não, se um fenômeno existe de fato ou não, além de mapear os conhecimentos existentes sobre um tema. Os resultados obtidos por meio de RS permitem conhecer de forma padronizada e sistemática as informações científicas de um determinado campo, possibilitando ainda a generalização dos resultados encontrados uma vez que agrega uma grande quantidade de estudos. Dentre os benefícios da RS estão os esclarecimentos sobre temas ainda inconsistentes, a atualização de uma área ou problema de pesquisa, o auxílio de profissionais para se manterem atualizados com a reunião de informações em uma única publicação. O procedimento rigoroso diminui a possibilidade de vieses e permite a sistematização das informações publicadas que culminam em uma tomada de decisão. Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo discutir a diferença das revisões de literatura, a importância de estudos de Revisão Sistemática para o desenvolvimento das diferentes áreas subjacentes ao campo da Psicologia, com ênfase na Avaliação Psicológica (AP). Para tanto, a mesa será composta por três apresentações, uma relatando os principais tipos de revisão de literatura, e outras duas demonstrando dois estudos de RS desenvolvidos em diferentes áreas da AP, como o de personalidade e psicologia do trânsito.

Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia

Processo:
Processos Investigativos


Apresentações:
Revisão da literatura: qual a mais adequada?
– Ariela Raissa Lima Costa
As pesquisas de revisão servem para reunir informações provenientes de outras pesquisas de forma a compreender o conhecimento científico de uma área ou para responder uma pergunta específica. As revisões são muitas vezes subestimadas, julgadas como fáceis e isentas de sistematização. Entretanto, fazer uma revisão bibliográfica é mais do que juntar vários artigos ou capítulos de livros que falam de um assunto comum, elas possuem métodos para garantir que as informações colecionadas são confiáveis. Ao realizar uma revisão, o pesquisador primeiro deve definir o tipo de pesquisa que deseja realizar, sendo possível discriminar mais de dez tipos de revisões. As metodologias de pesquisa de revisão são diversas e variam conforme o objetivo, amplitude e sistematização de busca. As mais conhecidas são revisões de literatura, integrativa e sistemática, outros tipos são revisão sistematizada, crítica, metanálise, sistemática qualitativa, dentre outras. Assim, o objetivo deste estudo é apresentar um panorama dos principais tipos de revisões, descrever suas principais características e auxiliar na escolha do procedimento.

Revisão Sistemática sobre uso problemático e/ou dependência do smartphone e personalidade
– Catarina Possenti Sette (Coautores(as): Bárbara Letícia Ferrari, Lucas de Francisco Carvalho)
O uso do smartphone cresceu muito nos últimos anos e com isso o uso problemático e a dependência do aparelho, consequência do rápido acesso à internet que possibilita ao indivíduo a inclusão de diversos aplicativos, gerando um novo estilo de vida aos seus usuários, com base em informações instantâneas. A frequência, intensidade e tipos de uso do smartphone parecem estar relacionados com traços de personalidade, como demonstrado por pesquisas. Nesse sentido, este estudo empreende uma revisão sistemática da literatura objetivando verificar a relação entre uso problemático e/ou dependência do smartphone com traços patológicos da personalidade. Para tanto, três bases de dados foram utilizadas para o levantamento: Pubmed, PsycInfo, Science Direct e o Google acadêmico como um complemento. Os descritos usados foram “smartphone” e “personality”, sem restrição de data e de língua. A partir da busca foram encontrados 863 artigos nas bases de dados e 100 no Google, e após a remoção das duplicatas o número de artigos final para leitura dos resumos foi de 955. Na sequência foi realizada a leitura dos títulos e resumos, feitas de forma independente pelas autoras, finalizando com 45 trabalhos. Com base na leitura dos objetivos e métodos dos trabalhos selecionados o conjunto final ficou composto por cinco artigos que atenderam a todos os critérios de inclusão. Estudos demonstraram que pontuações mais extremas nas medidas de personalidade como indicarem em potencial do uso prejudicial do smartphone no cotidiano, assim como traços de personalidade narcisista estão relacionados ao uso aditivo do smartphone.

Revisão sistemática sobre a relação entre traços de personalidade antissocial e o envolvimento em violações e acidentes de transito
– Ana Deyvis Jesuíno (Coautores(as): Ariela Raissa Lima Costa, Lucas de Francisco Carvalho)
A personalidade antissocial, e consequentemente o comportamento antissocial, é composta por traços de Manipulação, Insensibilidade, Desonestidade, Hostilidade, Impulsividade, Exposição ao risco e Irresponsabilidade. O que diferencia o transtorno do comportamento é que no primeiro, o indivíduo apresenta esses traços de forma persistente, em conjunto, com uma maior intensidade e desviam dos aspectos culturais do sujeito. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo verificar se os traços de personalidade antissocial aumentam o envolvimento em violações e acidentes de trânsito. Para isso, foram utilizadas três bases, a saber, PsychInfo, Science Direct e Pubmed. Os descritores empregados foram “accident”, “traffic accidents” AND “Personality Disorder, Antisocial” OR “Deceitfulness OR hostility OR impulsivity OR Behavior, Impulsive OR irresponsibility OR Manipulativeness OR risk taking OR Callousness”. Foram encontrados 10484 artigos e removidas 56 duplicatas, resultando em 10428 artigos, sendo lidos títulos e resumos, de forma independente pelas autoras, finalizando um total de 92 artigos. Com base nos objetivos e métodos dos trabalho as autoras obtiveram um total de 34 artigos que atenderam a todos os critérios de inclusão. Os resultados parciais encontrados demonstram que Manipulação, Insensibilidade, Desonestidade, Hostilidade melhor predizem violações, enquanto que Impulsividade, Exposição ao risco e Irresponsabilidade foram melhores preditores de Errros e Lapsos.