Desafios na formação do psicólogo: metodologias de ensino-aprendizagem, acessibilidade e estágios básicos

Entidade:
ABEP

Coordenador(a):
Iraní Tomiatto de Oliveira

Financiador do coordenador:

Resumo:
Este simpósio aborda três relevantes temas da formação do psicólogo, que estão entre os que mais geram dúvidas e trazem grandes desafios à nossa prática acadêmica: as metodologias de ensino-aprendizagem, os estágios básicos e a acessibilidade. O primeiro deles exige nossa atenção, uma vez que está reconhecida a necessidade de buscar e testar formas de trabalho docente e discente mais efetivas, que coloquem o estudante como protagonista de seu processo de formação e desenvolvam o espírito crítico e a autonomia. É preciso reconhecer que, na formação do psicólogo, temos nos debruçado pouco sobre este tema. O conceito de estágio básico, introduzido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Psicologia de 2004, representa uma excelente oportunidade de integração teórico-prática precoce e de qualificação da formação para a atuação profissional, mas têm sido algumas vezes mal compreendido e mal utilizado para essa finalidade. As questões relacionadas à acessibilidade serão discutidas considerando-se as barreiras enfrentadas pelos estudantes de Psicologia em sua formação, visando ampliar, a partir de experiências e da reflexão crítica, os conhecimentos e estratégias estruturais e de ensino-aprendizagem, assim como contribuir para a percepção de pertencimento na graduação. Os três temas serão abordados a parir de experiências práticas, oferecendo sugestões sobre estratégias e possibilidades.

Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia

Processo:
Processos Formativos de Psicólogos


Apresentações:

Metodologias de ensino-aprendizagem: o estudante como participante ativo e autônomo no processo de formação profissional
– Iraní Tomiatto de Oliveira
As discussões sobre diferentes possibilidades metodológicas de ensino-aprendizagem aplicadas à formação do psicólogo são ainda restritas, embora a Psicologia, em especial em sua interface com a Educação, tenha grandes possibilidades de oferecer contribuições significativas ao tema. A preocupação com formas mais eficientes e inovadoras de ensino é muito presente atualmente em determinadas áreas profissionais, em especial nas profissões da saúde, motivada pela necessidade de que esses profissionais sejam capazes de resolver situações complexas, a partir uma análise contextualizada, integrando teoria e prática. Reconhece-se, ainda, a necessidade de que o estudante desenvolva um papel ativo e autônomo em seu processo de formação, desenvolva capacidade de trabalhar em equipe e de analisar criticamente a realidade. Os métodos tradicionais, em que o professor se coloca na posição de detentor do conhecimento, que é apresentado de forma fragmentada e não contextualizada, e que o estudante deve passivamente absorver, são incompatíveis com esses objetivos. Este trabalho discute a utilização de metodologias ativas e participativas na formação do psicólogo, apresentando diversas ferramentas e analisando os resultados de experiências de sua utilização em curso de graduação de psicólogos. Discute ainda instrumentos de avaliação coerentes com essas propostas, inclusive os processuais e formativos, que fogem às expectativas da mera reprodução dos conhecimentos teóricos adquiridos.

Acessibilidade na formação em Psicologia – sobre muitas barreiras e algumas estratégias para o pertencimento
– Solange Aparecida Emílio
Este trabalho apresenta e discute os resultados de estudos realizados por estudantes e professores de um grupo denominado “Articulando Saberes – Programa de Apoio à Formação do Estudante de Psicologia”. Objetiva-se, com os projetos de pesquisa e extensão desse grupo, identificar as barreiras enfrentadas pelos estudantes de Psicologia em sua formação e ampliar, a partir de ações e da reflexão crítica proporcionada, os conhecimentos e estratégias estruturais e de ensino-aprendizagem, assim como contribuir para a percepção de pertencimento na graduação. Verificou-se que as barreiras à formação de qualidade estão presentes desde o processo de passagem do estudante do Ensino Médio para o Ensino Superior e ao longo de toda a graduação. Serão exploradas nesta apresentação elementos dessas etapas, como as possíveis causas da evasão nos primeiros semestres de formação; também, as barreiras enfrentadas pelos estudantes em geral; e especialmente as que se interpõem aos estudantes que apresentam condições específicas e que não são tão presentes numericamente nos cursos (e mesmo como referências enquanto profissionais e professores da área), como as mulheres negras, as pessoas com deficiências ou diferenças funcionais, as travestis e os homens e mulheres trans.

Estágio básico supervisionado: articulação com o processo de formação do psicólogo
– Tania Aldrighi Flake
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a experiência de implantação do estágio básico supervisionado no curso de formação de psicólogos. A proposta é discutir formas de concepção e o processo de consolidação de uma prática integrativa das habilidades desenvolvidas em cada etapa do processo de aprendizagem. Tais práticas estão pautadas no desenvolvimento de competências e habilidades básicas e profissionais, com vistas a garantir a integração teórico-prática no desenvolvimento das atividades, o desenvolvimento pessoal do estagiário e o recurso da supervisão como estratégia pedagógica e parte integrante do processo de ensino/aprendizagem. A experiência retrata a inserção gradativa do aluno em ações que promovem a reflexão, a percepção do papel e da prática do profissional de psicologia nos diversos âmbitos de atuação. O processo de aprendizagem evidencia o compromisso do aluno com o seu processo de formação num movimento crescente que vai da reflexão à inserção em atividades que incluem as dimensões psicoeducativa, psicossocial e de promoção de saúde.