Emoção, imaginação e vontade: em foco o desenvolvimento de formas criativas de relações com o mundo.

Entidade:
ABRAPEE

Coordenador(a):
Lilian Aparecida Cruz Dugnani

Financiador do coordenador:

Resumo:
Pretende-se discutir nessa mesa o desenvolvimento da emoção, da imaginação e da vontade, no desenvolvimento de formas criativas de se relacionar com o mundo. Os estudos aqui apresentados aproximam-se por fundamentarem-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Psicologia Histórico-cultural, sobretudo os de Vigotski; resultarem de pesquisas-intervenção em contextos educativos, e utilizarem a arte como estratégia mediadora na promoção do desenvolvimento humano. A primeira fala trata da contação e produção de histórias como favorecedora do desenvolvimento da emoção, como função psicológica superior, em alunos do 6º e7º ano. A segunda explanação trata do papel da imaginação na promoção de vivências que ampliem as experiências dos sujeitos, no e com o mundo, favorecendo o desenvolvimento do pensamento por conceitos e apreensão de conteúdos escolarizados mais complexos. A terceira apresentação discute, sobre o papel da arte, no favorecimento intencional, do desenvolvimento da vontade como função psicológica superior, para a construção da coletividade e a constituição de modos de pensar, sentir e agir no mundo, que se direcionem para a superação das condições históricas e sociais de promoção e manutenção da alienação e subalternidade.

Eixo:
II – Práticas profissionais da psicologia em contextos sem muros

Processo:
Processos Educativos


Apresentações:

A emoção e suas relações com o mundo: reflexões à partir da perspectiva crítica
– Juliana Soares de Jesus
Ancorado nos pressupostos teórico-metodológicos da Psicologia Histórico-Cultural, este trabalho tem como objetivo discutir o potencial da contação e produção de histórias, como ferramenta do psicólogo, na promoção do desenvolvimento das emoções e no favorecimento dos processos de novas significações de si e do outro, que resultemna construção de modos mais criativos de ser, estar, pensar e sentir o mundo . Sustentados por informações construídas em encontros semanais com duas turmas do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior de São Paulo, propõe-se um diálogo a respeito da emoção como função psicológica superior, socialmente constituída e das histórias como uma fonte de reflexão para os alunos, favorecendo a compreensão das próprias emoções e a dos seus pares, o estabelecimento de novas relações e avanços qualitativos em suas expressões emocionais. Observamos que ao envolverem-se com a contação das histórias, os alunos vivenciam o personagem, as tonalidades emocionais e o conteúdo das narrativas, acessando novas experiências, ressignificando-as, o que amplia seus modos de pensar.

A imaginação na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural
– Maura Assad Pimenta Neves
O presente trabalho objetiva apresentar o conceito de imaginação na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, conforme proposto por Vigotski. A imaginação é uma função psicológica superior fundamental na relação estabelecida entre o sujeito e a realidade, na medida em que favorece o ato criativo e a apreensão de conhecimentos diversos, por meio de experiências vividas pelo sujeito ou narradas por outros. A imaginação possibilita ao sujeito libertar-se da realidade concreta e criar horizontes e, junto ao pensamento por conceitos, é responsável pela aprendizagem de conteúdos abstratos característicos da educação escolarizada. Visa-se, concomitantemente, apresentar exemplos de pesquisas empíricas, realizadas por duas psicólogas-pesquisadoras, com adolescentes de escolas da rede pública, de cidades do interior do estado de São Paulo, as quais lançaram mão da utilização de expressões artísticas em intervenções que favoreceram a reflexão e a produção de histórias pelos estudantes, promovendo-se a agilização da imaginação e o seu desenvolvimento.

A vontade e o desenvolvimento humano: aportes da Psicologia Histórico-cultural
– Lilian Aparecida Cruz Dugnani
Este trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa de doutorado, e pretende discutir o papel do psicólogo no favorecimento do desenvolvimento da vontade. O psiquismo é um sistema amalgamado, em que o desenvolvimento de uma função modifica o próprio sistema. Se por ora destacamos a vontade, o fazemos por fins didáticos, com vistas a compreender o impacto concomitante e indissociável da parte no todo e todo na parte. A partir das leituras de Vigotski, compreende-se a vontade como, uma função psicológica superior que, permite aos sujeitos direcionar persistente e coletivamente suas ações, à superação e transformação das condições que são produtoras de alienação e sofrimento. Compreendendo que o desenvolvimento humano ocorre em saltos, em movimentodialético e permanente do sujeito com a sua realidade, e das significações que decorrem dessas interações, sendo, portanto mediado, defende-se o uso da arte, como instrumento psicológico que possibilita a atribuição de novos significados e sentidos às condições materiais de existência, que é condição, para mudanças nos modos de pensar, sentir e agir no mundo.