Psicologia Escolar e Políticas Educacionais no Ensino Superior: Contextos e Potencialidades

Entidade:
ABRAPEE

Coordenador(a):
Fauston Negreiros

Financiador do coordenador:

Resumo:
A atuação do profissional da psicologia em diferentes cenários educacionais tem sido alvo de expansão, igualmente tem sucedido no contexto do Ensino Superior. Entretanto, ainda se configura como uma práxis que vem se edificando concomitantemente à própria inserção do psicólogo no território educativo das universidades, agregando ações de caráter preventivo e na promoção, desenvolvimento e ampliação de ações educativas, considerando a operacionalização de políticas de assistência e apoio formativo aos diferentes atores sociais e comunidade acadêmica. A inserção do psicólogo escolar nesse contexto faz emergir, principalmente, o fomento de ações para minimizar o fracasso escolar. Diante disso, a presente mesa-redonda oportuniza abordar a atuação do psicólogo no ensino superior em universidades federais a partir dos seguintes eixos: política de assistência estudantil; política de cotas universitárias; e, mediação de conflitos professor-aluno-universidade.

Eixo:
III – A psicologia e os desafios da intersetorialidade nas políticas públicas

Processo:
Processos Educativos


Apresentações:

A operacionalização da assistência estudantil nas universidades públicas federais
– Mônica Rafaela de Almeida
O ensino superior brasileiro, historicamente, tem se apresentado com uma estrutura que privilegia os interesses da burguesia e exclui as classes trabalhadoras. Mas nos últimos anos tem ocorrido uma expansão da educação superior, que proporcionou uma ampliação de vagas e um aumento no quantitativo de matrículas, promovendo um maior acesso de estudantes das classes populares. Entretanto, expansão não é sinônimo de democratização, porque esta se refere não somente ao acesso da população historicamente excluída, mas inclui o estabelecimento de estratégias de permanência, pois as desigualdades ainda representam um grave problema a ser resolvido na educação, que reflete o amplo histórico de disparidade social existente na sociedade brasileira. Assim, para minimizar essa problemática, em 2010 é regulamentado o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que busca garantir a permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade social nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), através de subsídios financeiros (bolsas e auxílios); moradia estudantil e alimentação (Restaurante Universitário). Tendo em vista os elementos supracitados, pretende-se construir um debate em torno da política de assistência estudantil que vem sendo implantada nas IFES, tendo como horizonte as políticas educacionais para o ensino superior recentes e a inserção do Psicólogo Escolar nesse contexto. Observa-se que o PNAES tem permitido a permanência de muitos estudantes no ensino superior, mas sua efetivação é limitada, porque os benefícios são provisórios e não atendem a toda demanda, pois os recursos destinados para a assistência estudantil não tem sido ampliados de acordo com a quantidade de estudantes ingressantes.

A política de cotas nas universidades públicas federais
– Ana Carolina Morais Sales
A colonização no Brasil deixou marcas diversas na educação. A lentidão na constituição do ensino superior, bem como o histórico de preconceito racial, transformou este nível de ensino em um privilégio para poucos. Estatísticas, entretanto, mostram que as políticas de democratização têm modificado o perfil dos discentes que o acessam. E as cotas, que começaram a ser implantadas em 2002, sendo fortalecidas pela Lei de Cotas aprovada em 2012, tiveram um papel importante nesse processo. A última pesquisa idealizada pelo FONAPRACE, sobre o Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras de 2014, demonstrou que entre 2003 e 2014, pretos e pardos passaram de 34,2% do total de estudantes de ensino superior para 47,57%. Além disso, entre 2010 e 2014 houve evolução na proporção de estudantes sem renda ou com renda familiar de até 3 salários mínimos, que passou de 40% para 51%. Apesar disso, são poucas as ações desenvolvidas com o intuito de apoiar estes novos graduandos, o que pode dificultar e até impedir o sucesso acadêmico. E para que se possa diminuir a dívida histórica é necessário que as instituições possam formar adequadamente os alunos, independente da diversidade destes. Neste sentido, busca-se discutir a política de cotas no Ensino Superior e os desafios da atuação do Psicólogo Escolar neste contexto. Essa política tem contribuído para o acesso ao ensino superior de populações antes excluídas, no entanto as ações de apoio e permanência parecem não dar conta das demandas enfrentadas pelos alunos beneficiados pelas cotas.

Gestão de conflitos entre professores e alunos no ensino superior: o que cabe à Psicologia Escolar?
– Thales Fabricio da Costa e Silva
A atuação do psicólogo nas Instituições Federais de Educação Superior é marcada por chamados multifacetados, fortalecendo a importância deste profissional no contexto educacional. Dentre as múltiplas demandas que se originam nesse espaço, a gestão de conflitos entre professores e alunos é frequente e insiste em reconhecer no profissional de psicologia um dos caminhos mais profícuos na resolução de controvérsias. Embora identificada em todos os níveis de educação, o estudo sobre a experiência do conflito no ensino superior tem sido menos envidado, o que fragiliza a compreensão das relações interpessoais conflituosas neste contexto e o reconhecimento de estratégias mais eficientes de gestão pela/na comunidade acadêmica. Embora alguns dispositivos institucionalizados possam conduzir a solução de controvérsias, como o processo administrativo disciplinar, percebe-se que os conflitos de ordem interpessoal são os que menos se utilizam destes meios, recorrendo-se aos meios alternativos, inclusive ao psicólogo como um “terceiro mediador”. Ante o exposto, esta produção tem o objetivo de discutir, à luz da Psicologia Escolar, as especifidades do conflito interpessoal entre professores e alunos no contexto do ensino superior e compreender como os membros da comunidade acadêmica utilizam alternativas de gestão de conflitos interpessoais.