Entidade:
ABPD
Coordenador(a):
Fernando Augusto Ramos Pontes
Financiador do coordenador:
–
Resumo:
O objetivo dessa mesa é apresentar pesquisas realizadas por pesquisadores de diferentes universidades e contextos em temas relacionados com a parentalidade, paternidade, metas de desenvolvimento social e psicológico de crianças. Em “Relações entre envolvimento parental, coparentalidade e comportamento da criança em idade pré-escolar” discute-se sobre possíveis efeitos de como a coparentalidade interfere no envolvimento e na interação diferenciada dos pais e mães com os(as) filhos(as). O trabalho “Metas de socialização em diferentes configurações familiares da cidade do Rio de Janeiro” discutirá dados empíricos sobre o papel das concepções e metas de cuidadores e de suas práticas de cuidado no desenvolvimento infantil. Os dados dessa pesquisa têm indicado que as famílias de diferentes configurações parecem se assemelhar a tendência encontrada em estudos prévios com famílias nucleares, nos quais o bom comportamento foi uma meta de socialização altamente valorizada. Por final a pesquisa “O lugar dos pais na rede social de mães com crianças com paralisia cerebral e mães com crianças típicas” apresenta um trabalho comparativo de dados de rede pessoais de mães com crianças com paralisia cerebral e típicas. As topologias das redes dos dois grupos apresentam aspectos diferenciados, especialmente no que se refere ao lugar e papeis dos pais. Em todas as pesquisas descritas são discutidos aspectos que devem fundamentar intervenções psicológicas e políticas públicas.
Eixo:
II – Práticas profissionais da psicologia em contextos sem muros
Processo:
Processos de Orientação e Aconselhamento
Apresentações:
O lugar dos pais na rede social de mães com crianças com paralisia cerebral e mães com crianças típicas
– Fernando Augusto Ramos Pontes (Coautora: Simone Souza da Costa Silva)
A literatura tem descrito que famílias com crianças com deficiência, comparativamente com crianças típicas, apresentam níveis de estresse mais elevado, maiores problemas de saúde e descaso nos cuidados de saúde; tais fatores são atribuídos às demandas das tarefas de cuidados. Como forma de contrabalançar esta demanda, a rede social desses cuidadores assume um fator vital na manutenção da dos cuidados da criança e da saúde conjugal e da família como um todo. Em uma configuração de rede, o pai assume papeis mais diversos do que aqueles atribuídos à paternidade de modo estrito. A abordagem de Análise de Rede Social (ARS) é uma perspectiva inovadora para discutir essa questão. Neste trabalho são comparadas as topologias de redes pessoais de cuidadores de crianças com paralisia cerebral e típicas e analisa-se o lugar dos pais nessas redes. Participaram 60 indivíduos distribuídos nos dois grupos. Coletou-se os dados pelo Inventário Biosociodemográfico e Questionário de Análise de Redes Pessoais. A preparação e a análise dos dados ocorreram por meio dos programas SPSS 20.0©, Minitab 17.0 e os softwares EGONET e UCINET 6. As redes PCs encontradas apresentam maior diversidade nos tipos de vínculos e maior presença de n-cliques (subgrupos com elevada densidade de laços fortes) e formação de vínculos com característica mais insular. Com tal topologia de rede os pais assumem papéis fundamentais em “buracos estruturais” com graus de intermediação altos. Nesses casos, supõe-se que o pai assume papeis não somente relacionados ao desenvolvimento da criança, mas também em outros sistemas, como o conjugal e o familiar fundamental nas demandas presentes nos cuidados com crianças com paralisia cerebral.
Metas de socialização em diferentes configurações familiares da cidade do Rio de Janeiro
– Luciana Fontes Pessoa
Contemporaneamente, a literatura apresenta evidências e importantes discussões sobre o papel das concepções e metas de cuidadores e de suas práticas de cuidado no desenvolvimento infantil. Caminhos diversos para o desenvolvimento da criança são traçados com base nesse conjunto de convicções que se repercutem no desenvolvimento sociocognitivo e emocional, assim como no desenvolvimento de um self mais autônomo ou mais interdependente. Partindo da concepção da família como o centro do contexto de socialização infantil, constituindo-se, na maioria dos casos, como o primeiro agente de inserção social das crianças, investigar como as metas de socialização se apresentam nas novas famílias contemporâneas é uma importante tarefa para a psicologia do desenvolvimento. Assim, o objetivo principal do estudo foi explorar as diferenças na valorização de metas de socialização da obediência de pais e mães de crianças com até dois anos de idade, em famílias com três diferentes configurações: monoparentais, reconstituídas e nucleares. Além disso, foram exploradas outras possíveis variáveis mediadoras na socialização da obediência infantil, tais como o gênero e a idade da criança. Participaram da pesquisa 10 famílias monoparentais, 10 famílias reconstituídas e 10 famílias nucleares. Os resultados indicaram que as famílias de diferentes configurações parecem se assemelhar a tendência encontrada em estudos prévios com famílias nucleares, nos quais o bom comportamento foi uma meta de socialização altamente valorizada. Tais resultados permitem considerar as possíveis relações com a promoção do desenvolvimento infantil, bem como as voltadas para as competências sociais da infância.
Relações entre envolvimento parental, coparentalidade e comportamento da criança em idade pré-escolar
– Mauro Luís Vieira (Coautoras: Carolina Duarte de Souza e Maria Aparecida Crepaldi – CNPq)
A família é um dos principais contextos de desenvolvimento da criança. Pesquisas apontam fatores determinantes para um maior ou menor envolvimento dos pais com os(as) filhos(as), dentre eles a coparentalidade. Tem-se como objetivo nesse estudo investigar essas relações e pretende responder como a coparentalidade interferem no envolvimento e na interação dos pais e mães com os(as) filhos(as). Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa, do tipo transversal, e quanto aos objetivos é do tipo descritiva, exploratória e explicativa. Participaram do estudo 171 famílias biparentais heteroafetivas com crianças de quatro a cinco anos. Nessas famílias o pai e a mãe responderam escalas e questionários sobre envolvimento parental, coparentalidade e comportamento da criança. Por meio da análise estatística dos dados constatou-se que a coparentalidade materna afetou negativamente os problemas de comportamento da criança, como esperado. Contudo, a coparentalidade paterna afetou positivamente os problemas de comportamento, resultado esse que precisa ser melhor investigado. É importante destacar que a coparentalidade materna e paterna explicaram 57% da variância do envolvimento paterno, sugerindo seu papel central na explicação desse fenômeno. Porém, enquanto a coparentalidade paterna afetou positivamente o envolvimento paterno, a coparentalidade materna afetou negativamente o envolvimento do pai com os/as filhos/as. Ou seja, quanto mais as mães relataram ter um bom relacionamento coparental, menos os pais relataram envolver-se com seus(suas)filhos(as). Isso indica relações diferenciadas da coparentalidade e do envolvimento paterno para mães e pais. Esses resultados indicam a importância desses dados para embasamento de intervenções psicológicas infantis e familiares nos contextos clínico, escolar, judiciário e da saúde.