Entidade:
ABPD
Coordenador(a):
Mauro Luís Vieira
Financiador do coordenador:
–
Resumo:
Pretendemos com essa mesa discutir a produção do conhecimento no cenário brasileiro e também refletir sobre as implicações das nossas produções no cenário internacional. Cada vez mais se exige que se tenha produção de qualidade que ajude a transformar a realidade nacional e também que nossa produção seja reconhecida no exterior, conforme apresenta o professor Mauro Luís Vieira em sua apresentação, destacando o papel da pós-graduação stricto sensu, principalmente. No Brasil temos pesquisadores que se destacam com sua produção na transformação da realidade local, mas que também realizam intercâmbios com países de diferentes continentes. Contudo, como nos mostra Fernando Pontes, um dos apresentadores da presente mesa, por meio da análise de dados disponíveis no Diretório de grupos de pesquisa do CNPq, identifica que a maioria dos grupos tem perfil local ou regional com pouca internacionalização. Em termos de rede de conhecimento as palavras-chaves se remetem a temas e conceitos caráter mais disciplinar. Por outro lado, em termos de transformações sociais, o trabalho a ser apresentado pela professora Luciana Fontes Pessoa, destaca como a psicologia do desenvolvimento pode contribuir para a definição de políticas e práticas voltadas para a promoção da saúde psicológica das pessoas. Por sua vez, o professor Elder Cerqueira-Siqueira procura explorar em sua apresentação modelos de interação entre produção do conhecimento, popularização da ciência e mudança social em países da América Latina e Central. Portanto, conclui-se que as diferentes apresentações nessa mesa oportunizarão reflexões heurísticas para se compreender os diferentes contextos da produção e socialização do conhecimento.
Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia
Processo:
Processos Formativos de Psicólogos
Apresentações:
Impactos da Psicologia do Desenvolvimento na promoção do conhecimento e da saúde
– Luciana Fontes Pessoa
A produção do conhecimento tem um papel significativo no desenvolvimento dos sujeitos ao longo de todo o ciclo vital. A difusão desse conhecimento, a partir da produção de teorias e evidências em prol da ciência e, também, da prática, pode ser considerada uma estratégia bem eficaz na promoção de saúde. Defende-se o caráter interdisciplinar da Psicologia do Desenvolvimento e a importância de se discutir e incorporar nas pesquisas os diversos contextos em que os indivíduos se desenvolvem, inclusive a dimensão histórica em que esse desenvolvimento ocorre também deve ser discutida. O objetivo principal do presente trabalho é refletir o quanto e como a psicologia do desenvolvimento pode contribuir para a definição de políticas, iniciativas e práticas voltadas para a promoção do bem-estar, da qualidade de vida e da saúde de pessoas. Ressalta-se uma das funções da psicologia do desenvolvimento e sua necessidade de articular teoria e prática na formação do psicólogo e no seu papel de promover o bem estar subjetivo, qualidade de vida e saúde das pessoas. Reflete-se sobre o papel da Associação Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento (http://www.abpd.psc.br/) de criar oportunidade de discussão das possibilidades de promoção de saúde, em âmbito multidisciplinar, aliada com as iniciativas de intervenção e investigação sobre o tema.
Impactos Sociais da produção do conhecimento em desenvolvimento humano na América Latina
– Elder Cerqueira-Siqueira
A produção do conhecimento em desenvolvimento humano tem potencial de geração de impacto social a partir da própria pesquisa e também na influência em políticas públicas e organizações independentes. Em país em desenvolvimento, com os da América Latina, além de um potencial esta deve ser uma consequência positiva do crescimento da área. Nesta apresentação objetivamos explorar modelos de interação entre produção do conhecimento, popularização da ciência e mudança social em países da América Latina. Apresentaremos assim um panorama que correlaciona questões sociais destes países e a produção em psicologia do desenvolvimento. Serão debatidos indicadores da relação entre a formação de uma demanda específica para a psicologia e as respostas a partir da produção acadêmica, formação de profissionais e intervenção direta. Apontaremos o potencial da área e apresentaremos críticas sobre a falta de conexões entre tais pontos (demanda e produção). Apresentaremos reflexões críticas sobre para que e para quem produzimos em psicologia do desenvolvimento a partir de exemplos do Brasil, Colômbia, México e Chile.
Rede de conhecimento e de colaboração cientifica em Psicologia do desenvolvimento
– Fernando Augusto Ramos Pontes
A atividade de pesquisa não é uma atividade isolada, ela é essencialmente caracterizada pela formação de grupos, intercâmbio e troca de conhecimento. Mais do que nunca, no atual estágio de desenvolvimento das mídias de comunicação e pelo estabelecimento de critérios internacionais de qualidade os intercâmbios são uma necessidade; a constituição de grupos no entorno de conceitos, ideias e paradigmas é uma das características do fazer cientifico. É por meio da intercomunicação entre pares, do trabalho de equipe que se constitui uma rede de cooperação científica e de conhecimento, a sua existência e o seu produto determinam em parte o grau de maturidade e qualidade de determinado grupo e campo científico. Este trabalho analisa dados da plataforma do CNPq do diretório dos grupos de pesquisa no Brasil para a área da Psicologia do desenvolvimento. Com base no cruzamento das instituições dos pesquisadores envolvidos, são analisadas as redes de intercâmbio e considerando uma matriz das palavras-chaves definidoras dos grupos é discutida a rede de conhecimento. Os dados da rede de intercambio denotam grupos que em sua maioria tem perfis locais ou regionais com baixa inserção internacional. Os dados da rede de conhecimento demarcam conglomerados claramente situados em conceitos e variáveis característicos da Psicologia ou quando interdisciplinar, da área das ciências humanas com poucas interfaces com outros campos de conhecimento. Discute-se a necessidade de políticas públicas para incentivo de intercâmbios na direção da internacionalização e no desenvolvimento de programas e grupos de pesquisa de caráter inter e transdisciplinar.